TECNICA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Estas anotações de aulas, compiladas em forma de apostila, tem o intuito de facilitar a consulta e o acompanhamento da disciplina de Técnicas das Construções Civis e Construções de Edifícios da Faculdade de Ciências Tecnológicas da P.U.C. Campinas e Faculdade de Engenharia de Sorocaba.
seminários, etc | constantes da bibliografia final. |
Não houve pretensão de escrevê-la para ser publicada como livro, mas sim reuniram coletânea, conhecimentos extraídos de livros, catálogos, informativos, pesquisas, palestras,
Contém um bom número de exemplos e informações gerais úteis para que, ao projetar ou edificar, se esteja atento para não cometer os erros mais graves, que são encontrados em grande quantidade, principalmente nas habitações.
Espera-se que, de alguma forma, se contribua para acrescentar algo de novo aos não iniciados e se mostre a importância do assunto, para que nos futuros projetos, seja dedicado algum tempo, com cuidados necessários às técnicas das edificações, contribuindo para tornar melhor e mais amena a vida, o que constitui o principal objetivo da ciência.
1.1 Estudo com o cliente | 2 |
1.2.Exame local do terreno | 4 |
1.3 Limpeza do terreno | 5 |
1.4 Levantamento topográfico de lotes urbanos | 5 |
1.5 Nivelamento | 7 |
1 ESTUDOS PRELIMINARES
2.1 Terraplenagem | 15 |
2.2 Instalação da obra | 17 |
2.3 Locação da obra | 20 |
2.4 Traçado | 2 |
2.4.1 Traçado de ângulos retos e paralelas | 2 |
2.4.2 Traçado de curvas | 23 |
2.4.3 Locação de estacas | 25 |
2.4.4 Locação da fôrma de fundação | 26 |
2 TRABALHOS PRELIMINARES
3.1 Sondagem | 30 |
3.2 Escolha de fundações | 35 |
3.3 Fundação direta ou rasa | 37 |
3.4 Fundação indireta ou profunda | 43 |
3.5 Impermeabilização | 51 |
3.6 Drenos | 5 |
3 FUNDAÇÕES
4.1 Elementos de alvenaria | 59 |
4.2 Elevação das paredes | 65 |
4.2.1 Paredes de tijolos maciços | 65 |
4.2.2 Paredes com blocos de concreto | 73 |
4.2.3 Paredes com tijolos furados e baianos | 74 |
4.3 Vãos em paredes de alvenaria | 78 |
4.4 Outros tipos de reforços em paredes de alvenaria | 78 |
4.5 Muros | 80 |
4.6 Argamassa - Preparo e aplicação | 83 |
4 ALVENARIA
5.1 Forro de madeira | 89 |
5.2 Lajes pré-fabricada | 90 |
5.2.1 Generalidades sobre a Laje Pré-Fabricada "comum" | 90 |
5.2.2 Generalidades sobre laje treliça | 94 |
5.2.3 Montagem e execução de lajes pré-fabricadas | 9 |
5 FORROS
6.1 Estrutura de madeira | 105 |
6 COBERTURA 6.1.4 Telhado pontaletado ...115
6.3 Condutores | 124 |
6.4 Dimensionamento das calhas | 127 |
6.5 Formas dos telhados | 129 |
6.6 Regra geral para desenho das linhas dos telhados | 133 |
6.6.1 Exercícios para desenho de telhados | 134 |
6.2 Cobertura ...118
7.1 Esquadrias de madeira | 137 |
7.1.1 Portas | 137 |
7.1.3 Janelas | 142 |
7.1.4 Tipos de janelas de madeira | 143 |
7.2 Esquadrias de metal | 147 |
7.3 Representação gráfica | 151 |
7.4 Dimensões comerciais | 154 |
7 ESQUADRIAS
8.1 Argamassas | 159 |
8.2 Gesso | 165 |
8.3 Azulejos | 167 |
8.4 Pastilhas | 170 |
8.5 Revestimento de pisos | 170 |
8.5.1 Preparo do piso | 170 |
8.5.2 Piso cimentado | 172 |
8.5.3 Pisos de madeira | 172 |
8.5.4 Pisos cerâmicos | 176 |
8.5.5 Porcelanato | 181 |
8.5.6 Carpete | 181 |
8.5.7 Granilite | 182 |
8.5.8 Pedras decorativas | 182 |
8.5.9 Pedras brutas | 184 |
8.5.10 Pisos vinílicos | 186 |
8.5.1 Pisos de borracha | 187 |
8.5.12 Pisos laminados | 189 |
8.5.13 Piso de Concreto | 190 |
8 REVESTIMENTO
9.1 Análise das causas | 195 |
9.1.1 Causas decorrentes da qualidade dos materiais utilizados | 195 |
9.1.2 Causas decorrentes do traço da argamassa | 197 |
9.1.3 Causa decorrente do modo de aplicação do revestimento | 198 |
9.1.4 Causa decorrente do tipo de pintura | 200 |
9.1.5 Causas externas ao revestimento | 200 |
9.2 Reparos | 203 |
9 MANIFESTAÇÕES, ASPECTOS, CAUSAS PROVÁVEIS E REPAROS EM REVESTIMENTO
10 TINTAS E VIDROS 10.1.2 Sua qualidade ...208
10.1.4 Esquema de pintura | 209 |
10.1.5 Cuidado na aplicação das tintas | 211 |
10.1.6 Condições ambientais durante a aplicação | 214 |
10.1.7 Material de trabalho | 215 |
10.1.8 Rendimentos | 217 |
10.2 Vidro | 217 |
10.2.1 Vidro temperado | 218 |
10.1.3 Preparação da superfície ...209
1.1 Materiais empregados em concreto armado | 223 |
1.2 Sistemas de fôrmas e escoramentos convencionais | 229 |
1 DETALHES DE OBRAS COM CONCRETO ARMADO 1.3 Recomendações quanto ao manuseio e colocação das barras de aço ...245
1.4 Como se prepara em bom concreto | 248 |
1.4.4 Aplicação do concreto em estruturas | 253 |
1.4.6 Cura | 259 |
1.4.7 Desforma | 260 |
1.4.8 Consertos de falhas | 260 |
12.1 Condições gerais, normas e terminologia | 265 |
12.2 Cálculos e desenhos práticos de escadas | 270 |
12.3 Escadas com seções em curva | 273 |
12.4 Escadas de segurança | 274 |
12.5 Como executar as escadas na obra | 275 |
12 ESCADAS
Ferramentas | 279 |
EPI - Equipamentos de proteção individual | 281 |
Pregos na escala 1:1 | 282 |
Tabelas para obras em concreto armado | 285 |
Tabelas de pesos específicos de materiais usuais | 288 |
Tabelas para caibros e terças | 292 |
ANEXOS Referências Bibliográficas ...295
1 - PROJETO - ESTUDOS PRELIMINARES
APÓS ESTUDAR ESTE CAPÍTULO; VOCÊ DEVERÁ SER CAPAZ DE: · Elaborar um bom projeto arquitetónico; • Utilizando métodos simples, definir a planimetria e a altimetria de um terreno;
• Analisar a topografia de um terreno;
• Utilizar melhor a topografia dos terrenos.
1.1 - ESTUDO COM O CLIENTE
Sabemos que para se executar qualquer projeto devemos antes de mais nada, realizar uma entrevista com o interessado em executar qualquer tipo de construção. No nosso caso, será o cliente, juntamente com os seus familiares, pois vamos nos ater a pequenas obras (residências unifamiliares).
Devemos considerar que geralmente o cliente é praticamente leigo, cabendo então ao profissional orientar esta entrevista, para obter o maior número possível de dados.
Para nos auxiliar na objetividade da entrevista inicial com o cliente, damos abaixo um possível modelo de questionário (Tabela 1,.1), que tem a função de orientar evitando esquecimentos.
Tabela 1.1 - Modelo de questionário I Dados do cliente:
| End. Com.:_CEP _ Fone _ |
CPF: | RG: _ |
| Nome Esp.:_ |
| End. Com.:_ |
| Prof. Ele: _ Ela ____ |
End. Res.:__CEP _ Fone _
| Localização: |
| Medidas: Frente _ LE _ LD _ Fundo _ |
| Rua: _ CEP ____________Bairro: _ |
| Lote: _ Quadra: __ Quarteirão: __________ |
| Larg. da rua: _ Tipo de Pav.: ____ nº casas Viz. _____ |
| Largura do passeio:_ |
I Dados do Terreno
| Plano Inclinação lateral |
| Sobe para os Fundos Suave Esquerda |
Inclinação do Terreno: Desce para os Fundos Forte Direita
| Local de passagem da rede de Água |
| Centro LE LD |
| Local de passagem da rede de Esgoto |
| Centro LD LD |
3 Os terrenos vizinhos estão construídos ?
| LE LD Fundos |
| Nível econômico das construções no local |
| Alto Médio Popular |
croquis
| Recuos obrigatórios: de frente _ |
| % da área ocupada: _ zona _ |
| Outros _ |
I Restrição da Prefeitura lateral _ de fundo _
| Nº de Pav.: _ Área aprox. de construção: _ m² |
| Estilo: _ |
| Nº de usuários: _ |
IV Da Futura Construção sexo idade
Peças Med. Aprox Pisos Paredes Tetos Portas Janelas
| Revestimento Externo: |
| Pisos: ______________________________Paredes: _ |
| Fachada: _ Muro: _________ |
| Detalhes: _ |
| |
| |
Este modelo de questionário poderá ser preenchido parcialmente durante a entrevista.
Não é possível seu preenchimento completo, pois é útil e indispensável uma visita ao terreno, antes de iniciarmos o projeto.
Sem sabermos as características do terreno, é quase impossível executar-se um bom projeto. As características ideais de um terreno para um projeto econômico são:
a) Não existir grandes movimentações de terra para a construção; b) Ter dimensões tais que permita projeto e construção de boa residência; c) Ser seco; d) Ser plano ou pouco inclinado para a rua; e) Ser resistente para suportar bem a construção; f ) Ter facilidade de acesso; g) Terrenos localizados nas áreas mais altas dos loteamentos; h) Escolher terrenos em áreas não sujeitas a erosão; i) Evitar terrenos que foram aterrados sobre materiais sujeitos a decomposição orgânica.
Mas como nem sempre estas características são encontradas nos lotes urbanos, devemos levá-las em consideração quando da visita ao lote, levantando os seguintes pontos:
a) Deve-se identificar no local o verdadeiro lote adquirido segundo a escritura, colhendo-se todas as informações necessárias; b) Verificar junto a Prefeitura da Municipalidade, se o loteamento onde se situa o terreno, foi devidamente aprovado e está liberado para construção; c) Números das casa vizinhas ou mais próximas do lote; d) Situação do lote dentro da quadra, medindo-se a distância da esquina ou construção mais próxima. e) Com bússola de mão, confirmar a posição da linha N-S. f) Verificar se existem benfeitorias.(água, esgoto, energia) g) Sendo o terreno com inclinação acentuada, em declive, verificar se existe vielasanitária vizinha do lote, em uma das divisas laterais ou fundo; h) Verificar se passa perto do lote, linha de alta tensão, posição de postes, bueiros, i) Verificar se existe faixa non edificandi .( de não construção) j) Verificar a largura da rua e passeio. Obs.: Todos esses dados poderão ser acrescidos no questionário anterior.
Geralmente, estes dados colhidos na visita ao terreno não são os suficientes, e na maioria das vezes, devemos pedir previamente que se execute uma limpeza do terreno e um levantamento plani-altimétrico.
Temos algumas modalidades para limpeza do terreno, que devemos levar em consideração e sabermos defini-las:
1.3.1 - Carpir - Quando a vegetação é rasteira e com pequenos arbustos, usando para tal, unicamente a enxada. 1.3.2 - Roçar - Quando além da vegetação rasteira, houver árvores de pequeno porte, que poderão ser cortadas com foice. 1.3.3 - Destocar - Quando houver árvores de grande porte, necessitando desgalhar, cortar ou serrar o tronco e remover parte da raiz. Este serviço pode ser feito com máquina ou manualmente.
Os serviços serão executados de modo a não deixar raízes ou tocos de árvore que possam dificultar os trabalhos. Todo material vegetal, bem como o entulho terão que ser removidos do canteiro de obras.
1.4 - LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO DE LOTES URBANOS
O levantamento topográfico é geralmente apresentado através de desenhos de planta com curavas de nível e de perfis.
Deve retratar a conformação da superfície do terreno, bem como as dimensões dos lotes, com a precisão necessária e suficiente proporcionando dados confiáveis que, interpretados e manipulados corretamente, podem contribuir no desenvolvimento do projeto arquitetônico e de implantação (Pinto Jr.et al, 2001)
1.4.1 - MEDIDAS DO TERRENO (LEVANTAMENTO PLANIMÉTRICO)
Executada a limpeza do terreno e considerando que os projetos serão elaborados para um determinado terreno, é necessário que se tenha as medidas corretas do lote, pois nem sempre as medidas indicadas na escritura conferem com as medidas reais.
Apesar de não pretendermos invadir o campo da topografia, vamos mostrar em alguns desenhos, os processos mais rápidos para medir um lote urbano.
Os terrenos urbanos, são geralmente de pequena área possibilitando, portando, a sua medição sem aparelhos ou processos próprios da topografia desde que se tenha uma referência (casa vizinha, esquina, piquetes etc). No entanto, casos mais complexos, sem referência, necessitamos de um levantamento executado por profissional de topografia.
a) Lote regular
Geralmente em forma de retângulo, bastando portanto medir os seus "quatro" lados, e usar o valor médio, caso as medidas encontradas forem diferentes as da escritura.(Figura 1.1).
Figura 1.1-Lote regular
Obs. Para verificar se o lote está no esquadro, devemos medir as diagonais que deverão ser iguais.
b) Lote irregular com pouco fundo Medir os quatro lados e as duas diagonais (Figura 1.2).
Figura 1.2-Lote irregular com pouco fundo c) Lote irregular com muita profundidade
Neste caso, a medição da diagonal se torna imperfeita devido a grande distância
Convém utilizar um ponto intermediário "A" diminuindo assim o comprimento da diagonal (Figura 1.3).
Figura 1.3-Lote irregular com muita profundidade d) Lote com um ou mais limites em curva
Para se levantar o trecho em curva, o mais preciso será a medição da corda e da flecha (central).
Nestes casos devemos demarcar as divisas retas até encontrarmos os pontos do início e fim da corda. Medir a corda e a flecha no local.
E com o auxílio de um desenho (realizado no escritório) construir a curva a partir da determinação do centro da mesma utilizando a flecha e a corda (Figura 1.4).
c = corda f = flecha Construção da curva
Figura 1.4-Lote com setor curvo
É de grande importância para elaborarmos um projeto racional, que sejam aproveitadas as diferenças de nível do lote. Podemos identificar a topografia do lote através das curvas de níveis.
A curva de nível é uma linha constituída por pontos todos de uma mesma cota ou altitude de uma superfície qualquer. Quando relacionadas a outras curvas de nível permite comparar as altitudes e se projetadas sobre um plano horizontal podem apresentar as ondulações, depressões, inclinações etc. de uma superfície (Figura 1.5)
Podemos observar na Figura 1.5 que quando mais inclinada for a superfície do terreno, as distâncias entre as curvas serão menores, menos inclinada as distâncias serão
Figura 1.5-Representação de curva de nível (Pinto Jr.et al, 2001)
As curvas de níveis são elaboradas utilizando aparelhos topográficos que nos fornecem os níveis, os angulos, as dimensões de um terreno ou área.
Este levantamento não é muito preciso, quando utilizamos métodos simples para a sua execução (descritos nos itens 1.5.1; 1.5.2; 1.5.3), mas é o suficiente para construção residencial unifamiliar, que geralmente utilizam pouco terreno. Caso seja necessário algo mais rigoroso, devemos fazer um levantamento com aparelhos recorrendo a um topógrafo.
Geralmente é suficiente tirar um perfil longitudinal e um transversal do terreno, mas nada nos impede de tirarmos mais, caso necessário.
Nos métodos descritos abaixo se usa basicamente balizas com distância uma da outra no máximo de 5,0m, ou de acordo com a inclinação do terreno. Terrenos muito íngremes a distância deverá ser menor e terrenos com pouca inclinação podemos utilizar as balizas na distância de 5,0 em 5,0m.
Alguns métodos para levantarmos o perfil do terreno: a) Com o nível e Abney ( clinômetro) b) Com o nível de mão c) Com o nível de mangueira 1.5.1) Com uso do clinômetro (Nível de Abney) Materiais: - clinômetro d2d1
RN 0,0
Figura 1.6-Clinômetro ou Nível de Abney (Borges, 1972)
Coloca-se o clinômetro (Figura 1.8), na 1ª baliza a uma altura de 1,50m (ponto A).
Inclina-se o tubo do clinômetro para avistarmos o ponto B. Pela ócula se vê a bolha e giramos o parafuso até colocá-la na vertical e produzirá sobre a graduação e leitura do ângulo a. Resta medir a distância horizontal "d" ou a inclinada "m".
Figura 1.7-Clinômetro inclinado proporcionando a leitura (Borges, 1972)
Figura 1.8-Realização das medidas utilizando o Clinômetro (Borges, 1972) 1.5.2) Nível de bolha
Materiais: - Nível de bolha; - 2 balizas;
Figura 1.9 Utilização do nível de bolha
1.5.3) Nível de mangueira
O método da mangueira é um dos mais utilizados. Fundamenta-se no princípio dos vasos comunicantes, que nos fornece o nível. Este é o método que os pedreiros utilizam para nivelar a obra toda, desde a marcação da obra até o nivelamento dos pisos, batentes, azulejos
A mangueira deve ter pequeno diâmetro, parede espessa para evitar dobras e ser transparente.
Para uma boa marcação ela deve estar posicionada entre as balizas, sem dobras ou bolhas no seu interior. A água deve ser colocada lentamente para evitar a formação de bolhas.
Materiais: - Mangueira - 2 balizas
Figura 1.10 - Processo da mangueira de nível
Para facilitar a medição, podemos partir com o nível d'água em uma determinada altura "h" em uma das balizas, que será descontada na medida encontrada na segunda baliza. Fazemos isso para não precisarmos colocar o nível d'água direto no ponto zero (próximo do terreno), o que dificultaria a leitura e não nos forneceria uma boa medição.
Exemplos de medição com mangueira:
· Em terrenos com aclive • Em terrenos com declive
Portanto: h1 = H -h ; h2 = H'- h' | |
a) Terreno em aclive:
Htot = h1 + h2 + hn. Figura 1.1 - Levantamento altimétrico em terreno com aclive b) Terreno em declive:
Portanto: h1 = H -h ; h2 = H'- h' | |
Htot = h1 + h2 + hn . Figura 1.12 - Levantamento altimétrico em terreno com declive
1 - Devemos ter o cuidado de não deixar nenhuma bolha de ar dentro da mangueira, para não dar erro nas medições (Figura 1.13).
2 - A mangueira deve ser transparente, e de pequeno diâmetro, da ordem de Æ 1/4" ou 5/16" para obter maior sensibilidade. 3 - A espessura da parede da mangueira deve ser espessa para evitar dobras
Figura 1.13 - Posição da água quando não existe bolhas
Obs: Quando existe bolhas de ar a água da mangueira não fica nivelada como indicado na Figura 1.13
2 - TRABALHOS PRELIMINARES
APÓS ESTUDAR ESTE CAPÍTULO; VOCÊ DEVERÁ SER CAPAZ DE: · Calcular os volumes de corte e aterro; • Realizar as compensações de volume;
• Analisar e executar um canteiro de obras;
• Realizar ou conferir a marcação de uma obra.
Efetuado o levantamento planialtimétrico, temos condições de elaborar os projetos e iniciar sua execução.
Começamos pelo acerto da topografia do terreno, de acordo com o projeto de implantação e o projeto executivo.
Podemos executar, conforme o levantamento altimétrico, cortes, aterros, ou ambos:
2.1.1 - Cortes: No caso de cortes, deverá ser adotado um volume de solo correspondente à área da seção multiplicada pela altura média, acrescentando-se um percentual de empolamento (Figura 2.1). O empolamento é o aumento de volume de um material, quando removido de seu estado natural e é expresso como uma porcentagem do volume no corte. Relacionamos na Tabela 2.1 alguns empolamentos.
Tabela 2.1 - Relação de Empolamentos materiais %
Argila natural 2 Argila escavada, seca 23 Argila escavada, úmida 25 Argila e cascalho seco 41 Argila e cascalho úmido 1
| 75% rocha e 25% terra |
| 50% rocha e 50% terra |
Rocha decomposta 25% rocha e 75% terra
Terra natural seca 25 Terra natural úmida 27 Areia solta, seca 12 Areia úmida 12 Areia molhada 12 Solo superficial 43
Vc = Ab . hm . 1,4 Sendo Ab = área de projeção do corte hm= altura média
Figura 2.1 - Corte em terreno
O corte é facilitado quando não se tem construções vizinhas, podendo faze-lo maior.
Mas quando efetuado nas proximidades de edificações ou vias públicas, devemos empregar métodos que evitem ocorrências, como: ruptura do terreno, descompressão do terreno de fundação ou do terreno pela água.
No corte os materiais são classificados em:
- materiais de 1ªcategoria: terra em geral, piçarra ou argila, rochas em decomposição e seixos com diâmetro máximo de 15cm. - materiais de 2ª categoria: rocha com resistência à penetração mecânica inferior ao do granito.
- Materiais de 3ª categoria: rochas com resistência à penetração mecânica igual ou superior ao granito.
2.1.2 - Aterros e reaterros: No caso de aterros, deverá ser adotado um volume de solo correspondente a área da seção multiplicada pela altura média, acrescentando em torno de 30% devido a contração considerada que o solo sofrerá, quando compactado (Figura 2.2).
Va = Ab . hm . 1,3 Sendo Ab = área de projeção do corte hm= altura média
Figura 2.2 - Aterro em terreno
Para os aterros as superfícies deverão ser previamente limpas, sem vegetação nem entulhos. O material escolhido para os aterros e reaterros devem ser de preferência solos arenosos, sem detritos, pedras ou entulhos. Devem ser realizadas camadas sucessivas de no máximo 30 cm, devidamente molhadas e apiloadas manual ou mecanicamente.
Após o terreno limpo e com o movimento de terra executado, O canteiro é preparado de acordo com as necessidades de cada obra. Deverá ser localizado em áreas onde não atrapalhem a circulação de operários veículos e a locação das obras.
No mínimo devemos fazer um barracão de madeira, chapas compensadas, ou ainda containers metálicos que são facilmente transportados para as obras com o auxílio de um caminhão munck.
Nesse barracão serão depositados os materiais (cimento, cal, etc...) e ferramentas, que serão utilizados durante a execução dos serviços.
Áreas para areia, pedras, tijolos, madeiras, aço, etc...deverão estar próximas ao ponto de utilização, tudo dependendo do vulto da obra, sendo que nela também poderão ser construídos escritórios, alojamento para operários, refeitório e instalação sanitária, bem como distribuição de máquinas, se houver.
Em zonas urbanas de movimento de pedestres, deve ser feito um tapume, "encaixotamento" do prédio, com tábuas alternadas ou chapas compensadas, para evitar que materiais caiam na rua.
O dimensionamento do canteiro compreende o estudo geral do volume da obra, o tempo de obra e a distância de centros urbanos. Este estudo pode ser dividido como segue:
· Área disponível para as instalações; • Empresas empreiteiras previstas;
• Máquinas e equipamentos necessários;
• Serviços a serem executados;
• Materiais a serem utilizados;
• Prazos a serem atendidos.
Deverá ser providenciada a ligação de água e construído o abrigo para o cavalete e respectivo hidrômetro.
Ouso da água é intensivo para preparar materiais no canteiro. Ela serve também para a higiene dos trabalhadores e deve ser disponível em abundância.
Não existindo água, deve-se providenciar abertura de poço de água, com os seguintes cuidados:
a) - que seja o mais distante possível dos alicerces; b) - o mais distante possível de fossas sépticas e de poços negro, isto é, nunca a menos de 15 metros dos mesmos; c) - o local deve ser de pouco trânsito, ou seja, no fundo da obra, deixando-se a frente para construção posterior da fossa séptica.
Deve-se providenciar a ligação de energia. As instalações elétricas nos canteiros de obras são realizadas para ligar os equipamentos e iluminar o local da construção, sendo desfeitas após o término dos serviços. Mas precisam ser feitas de forma correta, para que sejam seguras.
Antes do início da obra, é preciso saber que tipo de fio ou cabo deve ser usado, onde ficarão os quadros de força, quantas máquinas serão utilizadas e, ainda, quais as ampliações que serão feitas nas instalações elétricas.
2.2.1 - Exemplo de barracão para obra de pequeno porte
Utilizando chapas compensadas, pontalete de eucalipto ou caibros 8x8, e telhas de fibrocimento podemos montar um barracão de pequenas dimensões, desmontável para utilizar em obras, como segue (figura 2.3):
Figura 2.3 - Barracão para pequenas obras
Aproveitamento das chapas compensadas:
Tabela 2.2 - Relação de materiais para execução de barracão para pequenas obras
Quant. un Descrição 03 un Pontaletes ou caibros de 3,00m 03 un Pontaletes ou caibros de 3,50m 16 pç Chapas de compensado 6,0 ou 10,0mm 1 pç Telhas fibrocimento 4,0mm de 0,50x2,4 1 pç Telhas fibrocimento 4,0mm de 0,50x1,2 01 pç Viga 6x12 de 5,0m 60 m Sarrafo de 7,0cm 01 pç Cadeado médio 0,5 m Corrente 03 pç Dobradiças 0,5 kg Prego 15x15 0,3 kg Prego 18x27
2.3 - LOCAÇÃO DA OBRA
Podemos efetuar a locação da obra, nos casos de obras de pequeno porte, com métodos simples, sem o auxílio de aparelhos, que nos garantam uma certa precisão. No entanto, os métodos descritos abaixo, em caso de obras de grande área, poderão acumular erros, sendo conveniente, portanto, o auxílio da topografia.
Os métodos mais utilizados são:
· Processo dos cavaletes. • Processo da tábua corrida (gabarito)
2.3.1 - Processo dos cavaletes
Os alinhamentos são fixados por pregos cravados em cavaletes. Estes são constituídos de duas estacas cravadas no solo e uma travessa pregada sobre elas (Figura 2.4).
Devemos sempre que possível, evitar esse processo, pois não nos oferece grande segurança devido ao seu fácil deslocamento com batidas de carrinhos de mão, tropeços,
Figura 2.4 - Cavalete
Após distribuídos os cavaletes, previamente alinhados conforme o projeto, linhas são esticadas para determinar o alinhamento do alicerce e em seguida inicia-se a abertura das valas (Figura 2.5)
Figura 2.5 - Processo dos cavaletes 2.3.2 - Processo da tábua corrida (gabarito)
Este método se executa cravando-se no solo cerca de 50cm, pontaletes de pinho de (3" x 3" ou 3" x 4") ou varas de eucalipto a uma distância entre si de 1,50m e a 1,20m das paredes da futura construção, que posteriormente poderão ser utilizadas para andaimes.
Nos pontaletes serão pregadas tábuas na volta toda da construção (geralmente de 15 ou 20cm), em nível e aproximadamente 1,00m do piso (Figura 2.7). Pregos fincados na tábuas com distâncias entre si iguais às interdistâncias entre os eixos da construção, todos identificados com letras e algarismos respectivos pintados na face vertical interna das tábuas, determinam os alinhamentos (Figura 2.6).
Nos pregos são amarrados e esticados linhas ou arames, cada qual de um nome interligado ao de mesmo nome da tábua oposta. Em cada linha ou arame está materializado um eixo da construção. Este processo é o ideal.
Figura 2.6 - Marcação sobre gabarito A
Figura 2.7 - Processo da Tábua Corrida - Gabarito Como podemos observar o processo de "Tábua Corrida" é mais seguro e as marcações nele efetuadas permanecem por muito tempo, possibilitando a conferência durante o andamento das obras. Não obstante, para auxiliar este processo, podemos utilizar o processo dos cavaletes.
Tendo definido o método para a marcação da obra, devemos transferir as medidas, retiradas das plantas para o terreno.
Quando a obra requer um grau de precisão, que não podemos realizar com métodos simples devemos utilizar aparelhos topográficos. Isto fica a cargo da disciplina de Topografia, cabendo a nós, para pequenas obras, saber locá-las com métodos simplificados.
2.4.1 - Traçado de ângulos retos e paralelas
É indispensável saber traçar perpendiculares sobre o terreno, pois é através delas que marcamos os alinhamentos das paredes externas, da construção, determinando assim o esquadro. Isto serve de referência para locar todas as demais paredes.
Um método simples para isso, consiste em formar um triângulo através das linhas dispostas perpendicularmente, cujos lados meçam 3 - 4 e 5m (triângulo de Pitágoras), fazendo coincidir o lado do ângulo reto com o alinhamento da base (Figura 2.8).
Figura 2.8 - Traçado de ângulos retos e paralelas sobre o gabarito
Outro método consiste na utilização de um esquadro metálico (geralmente 0,60x0,80x1,00m) para verificar o ângulo reto (Figura 2.9).
O esquadro deve ficar tangenciando as linhas sem as tocá-las, quando as linhas ficarem paralelas ao esquadro garantimos o ângulo reto.
Figura 2.9 - Traçado de ângulos retos e paralelas sobre o gabarito utilizando esquadro metálico
2.4.2 - Traçado de curvas
A partir do cálculo do raio da curva (que pode ser feito previamente no escritório) achamos o centro e, com o auxílio de um arame ou linha, traçamos a curva no terreno (como se fosse um compasso) Figura 2.10.
Figura 2.10 - Traçado de curva de pequeno raio
Este método nos fornece uma boa precisão, quando temos pequenos raios. No caso de grandes curvas, podemos utilizar um método aproximado, chamado método das quatro partes. Consiste em aplicar, sucessivamente, sobre a corda obtida com a flecha precedente, a quarta parte deste último valor (Figura 2.1). Encontram-se assim, por aproximações sucessivas, todos os pontos da curva circular (G.Baud, 1976)
Figura 2.1 - Traçado de curva pelo método das quatro partes (G.Baud,1976)
tr r sendo: r = raio da curva t = tangente à curva (na intercessão da curva com a reta)
Portanto, com o auxílio do gabarito, inicialmente devemos locar as fundações profundas do tipo estacas, tubulões ou fundações que necessitam de equipamentos mecânicos para a sua execução, caso contrário podemos iniciar a locação das obras pelo projeto de forma da fundação ("paredes").
2.4.3 - Locação de estacas
Serão feitas inicialmente a locações de estacas, visto que qualquer marcação das "paredes", irá ser desmarcada pelo deslocamento de equipamentos mecânicos. O posicionamento das estacas é feito conforme a planta de locação de estacas, fornecida pelo cálculo estrutural (Figura 2.12).
A locação das estacas é definida pelo cruzamento das linhas fixadas por pregos no gabarito. Transfere-se esta interseção ao terreno, através de um prumo de centro (Figura 13).
No ponto marcado pelo prumo, crava-se uma estaca de madeira (piquete), geralmente de peroba, com dimensões 2,5x2,5x15,0cm.
Figura 2.12 - Projeto de locação de estacas
Utilizando o gabarito, podemos passar todos os pontos das estacas para o terreno, utilizando como já descrito a linha o prumo de centro e estacas de madeira:
Figura 2.13 - Locação da estaca
Após a execução das estacas e com a saída dos equipamentos e limpeza do local podemos efetuar, com o auxílio do projeto estrutural de formas a locação das "paredes".
2.4.4 - Locação da Forma de Fundação "paredes"
Devemos locar a obra utilizando os eixos, para evitarmos o acúmulo de erros provenientes das variações de espessuras das paredes (Figura 2.14).
Em obras de pequeno porte ainda é usual o pedreiro marcar a construção utilizando as espessuras das paredes. No projeto de arquitetura adotamos as paredes externas com 25cm e as internas com 15cm, na realidade as paredes externas giram em torno de 26 a 27cm e as internas 14 a 14,5cm difícil de serem desenhadas a pena nas escalas usuais de desenho 1:100 ou 1:50, por isso da adoção de medidas arredondadas que acumulam erros. Hoje com o uso de softwares específicos ficou bem mais fácil.
Figura 2.14 - Projeto de forma locadas pelo eixo
ANOTAÇÕES 1 - Nos cálculos dos volumes de corte e aterro, os valores são mais precisos se o número de seções for maior. 2 - Na execução do gabarito, as tábuas devem ser pregadas em nível. 3 - A locação da obra deve , de preferência, ser efetuada pelo engenheiro ou conferido pelo mesmo. 4 - A marcação pelo eixo, além de mais precisa, facilita a conferência pelo engenheiro. 5 – Verificar os afastamentos da obra, em relação às divisas do terreno. 6 – Constatar no terreno a existência ou não de obras subterrâneas ( galerias de águas pluviais, ou redes de esgoto, elétrica ) e suas implicações. 7 – Verificar se o terreno em relação as ruas está sujeito a inundação ou necessita de drenagem para águas pluviais. 8 – Confirmar a perfeita locação da obra no que se refere aos eixos das paredes, pilares, sapatas, blocos e estacas.
· Noções de segurança para movimentação de terra:
1 - Depositar os materiais de escavação a uma distância superior à metade da profundidade do corte.
2 - Os taludes instáveis com mais de 1,30m de profundidade devem ser estabilizados com escoramentos.
3 - Estudo da fundação das edificações vizinhas e escoramentos dos taludes. 4 - Sinalizar os locais de trabalho com placas indicativas. 5 - Somente deve ser permitido o acesso à obra de terraplenagem de pessoas autorizadas. 6 - A pressão das construções vizinhas deve ser contida por meio de escoramento.
• Instalações elétricas em Canteiro de obras:
1 - Os quadros de distribuição devem ser de preferência metálicos e devem ficar fechados para que os operários não encostem nas partes energizadas. 2 - Os quadros de distribuição devem ficar em locais bem visíveis, sinalizados e de fácil acesso mas longe da passagem de pessoas, materiais e equipamentos. 3 - As chaves elétricas do tipo faca devem ser blindadas e fechar para cima. Não devem ser usadas para ligar diretamente os equipamentos. 4 - Os fios e cabos devem ser estendidos em lugares que não atrapalhem a passagem de pessoas, máquinas e materiais. 5 - Os fios e cabos estendidos em locais de passagem, devem estar protegidos por calhas de madeira, canaletas ou eletrodutos. Podem ser colocados a uma certa altura que não deixe as pessoas e máquinas encostarem neles. 6 - Os fios e cabos devem ser fixados em isoladores. As emendas devem ficar firmes e bem isoladas, não deixando partes descobertas.
3 - FUNDAÇÕES CONVENCIONAIS
APÓS ESTUDAR ESTE CAPÍTULO; VOCÊ DEVERÁ SER CAPAZ DE: · Determinar o número de furos de sondagem, bem como a sua localização; • Analisar um perfil de sondagem;
• Saber escolher a fundação ideal para uma determinada edificação;
• Especificar corretamente o tipo de impermeabilização a ser utilizada em alicerce;
• Especificar o tipo de dreno e a sua localização.
Não querendo invadir o campo da Engenharia de Fundações, damos nestas anotações de aulas, um pequeno enfoque sobre fundações mais utilizadas em residências unifamiliares térreas e sobrados, ficando a cargo da Cadeira de Fundações aprofundar-se no assunto.
É sempre aconselhável a execução de sondagens, no sentido de reconhecer o subsolo e escolher a fundação adequada, fazendo com isso, o barateamento das fundações. As sondagens representam, em média, apenas 0,05 à 0,005% do custo total da obra.
Os requisitos técnicos a serem preenchidos pela sondagem do subsolo são os seguintes (Godoy, 1971):
• Determinação dos tipos de solo que ocorrem, no subsolo, até a profundidade de interesse do projeto;
• Determinação das condições de compacidade (areias) ou consistência (argilas) em que ocorrem os diversos tipos de solo;
• Determinação da espessura das camadas constituintes do subsolo e avaliação da orientação dos planos (superfícies) que as separam;
• Informação completa sobre a ocorrência de água no subsolo.
3.1.1 - Execução da sondagem
A sondagem é realizada contando o número de golpes necessários à cravação de parte de um amostrador no solo realizada pela queda livre de um martelo de massa e altura de queda padronizadas. A resistência à penetração dinâmica no solo medida é denominada S.P.T. - Standart Penetration Test.
A execução de uma sondagem é um processo repetitivo, que consiste em abertura do furo, ensaio de penetração e amostragem a cada metro de solo sondado.
Desta forma,, em cada metro faz-se, inicialmente, a abertura do furo com um comprimento de 55cm, e o restante dos 45cm para a realização do ensaio de penetração. (Figura 3.1)
As fases de ensaio e de amostragem são realizadas simultaneamente, utilizando um tripé, um martelo de 65kg, uma haste e o amostrador. (Figura 3.2) (Godoy, 1971)
Figura 3.1 - Esquema de sondagem
Figura 3.2 - Equipamento de sondagem à percussão
3.1.2 - Resistência à penetração
O amostrador é cravado 45cm no solo, sendo anotado o número de golpes necessários à penetração de cada 15 cm.
O Índice de Resistência à Penetração é determinado através do número de golpes do peso padrão, caindo de uma altura de 75cm, considerando-se o número necessário à penetração dos últimos 30 cm do amostrador. Conhecido como S.P.T.
55cm - Abertura
45cm - Ensaio
55cm - Abertura
45cm - Ensaio 100cm
100cm
Operador peso guia haste amostrador
A Tabela 3.1 apresenta correlações empíricas, que permite uma estimativa da compacidade das areias e da consistência das argilas, a partir da resistência à penetração medida nas sondagens. (Godoy, 1971)
Tabela 3.1 - Compacidade das areias e consistência das argilas "in situ" (Godoy, 1971)
SOLO DENOMINAÇÃO No DE GOLPES
Fofa £ 4
Pouco Compacta 5 - 8 Med. Compacta 9 - 18 Compacta 19 - 41
Compacidade de areias e siltes arenosos
Muito Compacta > 41
Muito Mole < 2
Mole 2 - 5 Média 6 - 10 Rija 1 - 19
Consistência de argilas e siltes argilosos
Dura > 19
Os pontos de sondagem devem ser criteriosamente distribuídos na área em estudo, e devem ter profundidade que inclua todas as camadas do subsolo que possam influir, significativamente, no comportamento da fundação.
No caso de fundações para edifícios, o número mínimo de pontos de sondagens a realizar é função da área a ser construída (Tabela 3.2).
Tabela 3.2 - Número mínimo de pontos em função da área construída (NBR8036/1983)
ÁREA CONSTRUÍDA Nº DE SONDAGENS de 200m² até 1,200m² 1 sondagem para cada 200m² de 1,200m² até 2,400m² 1 sondagem para cada 400m² que exceder a 1,200m² acima de 2,400m² Será fixada a critério, dependendo do plano de construção.
Podemos ainda, avaliar o mínimo de furos para qualquer circunstância em função da área do terreno para lotes urbanos :
• 2 furos para terreno até 200m²
• 3 furos para terreno entre 200 a 400m², ou
• No mínimo, três furos para determinação da disposição e espessura das camadas.
Os furos de sondagens deverão ser distribuídos em planta, de maneira a cobrir toda a área em estudo. A Figura 3.3 apresenta alguns exemplos de locação de sondagens em terrenos urbanos.
A distância entre os furos de sondagem deve ser de 15 a 25m, evitando que fiquem numa mesma reta e de preferência, próximos aos limites da área em estudo.
Figura 3.3 - Exemplo de locação de sondagens em pequenos lotes
Em relação a profundidade das sondagens, existem alguns métodos para determiná-las:
· pelo critério do bulbo de pressão • pelas recomendações da norma brasileira
Mas, um técnico experimentado pode fixar a profundidade a ser atingida, durante a execução da sondagem, pelo exame das amostras recuperadas e pelo número de golpes.
Em geral, quatro índices elevados de resistência à penetração, em material de boa qualidade, permitem a interrupção do furo.
Nos terrenos argilosos, a sondagem deverá ultrapassar todas as camadas. Nos terrenos arenosos, as sondagens raramente necessitam ultrapassar os 15 a 20m.
Obs.: profundidade mínima 8,0m. Essa profundidade pode ser corrigida, à medida que os primeiros resultados forem conhecidos.
Poderá ocorrer obstrução nos furos de sondagens do tipo matacões (rochas dispersas no subsolo) confundindo com um embasamento rochoso. Neste caso a verificação é realizada executando-se uma nova sondagem a 3,0m, em planta, da anterior. Se for confirmada a ocorrência de obstrução na mesma profundidade, a sondagem deverá ser novamente deslocada 3,0m numa direção ortogonal ao primeiro deslocamento. Caso necessário, a sondagem na rocha é realizada com equipamento de sondagem rotativo.
3.1.4 - Perfil de Sondagem
Os dados obtidos em uma investigação do subsolo, são normalmente apresentados na forma de um perfil para cada furo de sondagem.
A posição das sondagens é amarrada topograficamente e apresentada numa planta de locação bem como o nível da boca do furo que é amarrado a uma referência de nível RN bem definido ( Figura 3.4)
No perfil do subsolo as resistências à penetração são indicadas por números à esquerda da vertical da sondagem, nas respectivas cotas. A posição do nível d'água - NA - também é indicada, bem como a data inicial e final de sua medição (Figura 3.5). (Godoy, 1971)
Figura 3.4 - Planta de locação das sondagens
25.0 CASA EXISTENTE EM CONSTRUÇÃO
CASA EXISTENTE CALÇADA2.20
RN=10,0
Figura 3.5 - Exemplo de um perfil de subsolo
3.2 - ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO
conhecendo as condições de estabilidade, fundações, etc | das construções vizinhas, pode , o |
Com os resultados das sondagens, de grandeza e natureza das cargas estruturais e engenheiro, proceder a escolha do tipo de fundação mais adequada, técnica e economicamente.
O estudo é conduzido inicialmente, pela verificação da possibilidade do emprego de fundações diretas.
Mesmo sendo viável a adoção das fundações diretas é aconselhável comparar o seu custo com o de uma fundação indireta.
E finalmente, verificando a impossibilidade da execução das fundações diretas, estudase o tipo de fundação profunda mais adequada.
Os principais tipos de fundações podem ser reunidos em dois grandes grupos: fundações diretas ou rasas e fundações indiretas ou profundas (Figura 3.6).
Alvenaria | |
Simples | |
Sapata Corrida Pedra | |
ou Contínua | |
Armada | |
Diretas Simples | |
ou Sapata Isolada | |
Rasas Armada | |
Rígidos | |
Radier | |
Flexíveis | |
Pré Mega ou de reação Moldadas Vibradas de concreto Centrífugas
Protendida
Brocas sem camisa Escavadas Raiz
Moldadas monotube in loco perdidas ou Profundas com camisa
Strauss recuperadas Simples
Duplex Franki de madeira de aço
Tipo poço | |
céu aberto Tipo Chicago | |
Tipo gow | |
Pneumático Tipo Benoto | |
(ar comprimido) | |
Tipo Anel de concreto | |
Tubulões Figura 3.6 - Relação dos tipos de fundações usuais em construção
Portanto os principais tipos de fundações são:
· Fundações diretas ou rasas; • Fundações indiretas ou profundas.
Para a escolha das fundações podemos iniciar analisando uma sapata direta (Figura 3.7).
Figura 3.7 - Profundidade de uma sapata isolada (Df)
• quando Df £ B Þ Fundações diretas
• quando Df > B Þ Fundações profundas
- (sendo “B” a menor dimensão da sapata)
Quando a camada ideal for encontrada à profundidade de 5,0 à 6,0m, podemos adotar brocas, se as cargas forem na ordem de 4 a 5 toneladas Em terrenos firmes a mais de 6,0m, devemos utilizar estacas ou tubulões.
As fundações diretas são empregadas onde as camadas do subsolo, logo abaixo da estrutura, são capazes de suportar as cargas. Com o auxílio da sondagem, obtemos o SPT na profundidade adotada e calculamos a s do solo. Dividindo a carga P pela s do solo, encontramos a área necesária da sapata (Snec).
S s nec s
Encontrada a área, adota-se as dimensões e verificamos se são econômicas (Figura 3.12).
Condições econômicas: A - a = B - b
| Boa = 4,0 kg/cm² |
| Regular = 2,0 kg/cm² |
Como referência temos s (Tensão admisível do solo) como sendo: Fraca = 0,5 kg/cm²
A Distribuição das pressões, no terreno, é função do tipo de solo e da consideração da sapata ser rígida ou flexível, podendo ser bitriangular, retangular ou triangular.
Uma sapata será considerada flexível quando possuir altura relativamente pequena e , sob atuação do carregamento, apresentar deformação de flexão (Caputo, H.P, 1973)
Descrevemos com mais detalhes as fundações diretas mais comuns para obras de pequeno porte.
3.3.1 - Sapata Corrida em Alvenaria
São utilizadas em obras de pequena área e carga, (edícula sem laje, barraco de obras, abrigo de gás; água etc.).
É importante conhecer esse tipo de alicerce pois foram muito utilizados nas construções antigas e se faz necessário esse conhecimento no momento das reformas e reforços dos mesmos. As etapas de execução são:
a) Abertura de vala * Profundidade nunca inferiores a 40cm
* Largura das valas: - parede de 1 tijolo = 45cm - parede de 1/2 tijolo = 40cm
· Em terrenos inclinados, o fundo da vala é formado por degraus (Figura 3.8), sempre em nível
Figura 3.8 - Detalhe do nivelamento do fundo da vala b) Apiloamento
Se faz manualmente com soquete (maço) de 10 à 20kg, com o objetivo unicamente de conseguir a uniformização do fundo da vala e não aumentar a resistência do solo.
c) Lastro de concreto
Sobre o fundo das valas devemos aplicar uma camada de concreto magro de traço 1:3:6 ou 1:4:8 (cimento, areia grossa e pedra 2 e 3) e espessura mínima de 5cm com a finalidade de:
· diminuir a pressão de contato, visto ser a sua largura maior do que a do alicerce;
• Uniformizar e limpar o piso sobre o qual será levantado o alicerce de alvenaria d) Alicerce de alvenaria ( Assentamento dos tijolos) • Ficam semi-embutidos no terreno;
| paredes de 1 tijolo - feitos com tijolo e meio. |
| paredes de 1/2 tijolo - feitos com um tijolo. |
• Tem espessuras maiores do que a das paredes sendo:
• seu respaldo deve estar acima do nível do terreno, a fim de evitar o contato das paredes com o solo;
• O tijolo utilizado é o maciço queimado ou requeimado;
• assentamento dos tijolos é feito em nível;
• Argamassa de assentamento é de cimento e areia traço 1:4.
e) Cinta de amarração
É sempre aconselhável a colocação de uma cinta de amarração no respaldo dos alicerces. Normalmente a sua ferragem consiste de barras "corridas", no caso de pretender a sua atuação como viga deverá ser calculada a ferragem e os estribos. Sobre a cinta será efetuada a impermeabilização.
Para economizar formas, utiliza-se tijolos em espelho, assentados com argamassa de cimento e areia traço 1:3.
A função das cintas de amarração é "amarrar" todo o alicerce e distribuir melhor as cargas, não podendo contudo serem utilizadas como vigas.
f) Reaterro das valas
Após a execução da impermeabilização das fundações, podemos reaterrar as valas. O reaterro deve ser feito em camadas de no máximo 20cm bem compactadas.
g) Tipos de alicerces para construção simples
Figura 3.9 - Sem cinta de amarração (Borges, 1972) parede de um tijolo
Figura 3.10 - Com cinta de amarração (Borges, 1972) parede de meio tijolo
Figura 3.1 - Com cinta de amarração (Borges, 1972)
Obs. Para manter os ferros corridos da cinta de amarração na posição, devem ser usados estribos, espaçados de mais ou menos 1,0m. A função desses estribos é somente posicionar as armaduras.
3.3.2 Sapatas Isoladas
São fundações de concreto simples ou armado.
As sapatas de concreto simples (sem armaduras), possuem grande altura, o que lhes confere boa rigidez. Também são denominadas de Blocos.
As sapatas de concreto armado, podem ter formato piramidal ou cônico, possuindo pequena altura em relação a sua base, que pode ter forma quadrada ou retangular (formatos mais comuns).
Figura 3.12 - Sapata isolada retangular
3.3.3 - Sapatas corridas
Executadas em concreto armado e possuem uma dimensão preponderante em relação às demais (Figura 3.13; 3.14; 3.15)
Figura 3.13 - Sapata corrida sob paredes
Figura 3.14 - Sapata corrida sob pilares h L
Figura 3.15 - Sapata corrida com viga
3.3.4 - Radiers
Quando todas as paredes ou todos os pilares de uma edificação transmitem as cargas ao solo através de uma única sapata, tem-se o que se denomina uma fundação em radier.
Os radiers são elementos contínuos que podem ser executados em concreto armado, protendido ou em concreto reforçado com fibras de aço.
Figura 3.16 - Radier h L
3.4 - FUNDAÇÕES INDIRETAS OU PROFUNDAS Os principais tipos de fundações profundas são:
3.4.1 - Estacas
São peças alongadas, cilíndricas ou prismáticas, cravadas ou confeccionadas no solo, essencialmente para:
a) Transmissão de carga a camadas profundas; b) Contenção de empuxos laterais (estacas pranchas); c) Compactação de terrenos.
Podem ser: - Pré-moldadas - Moldadas in loco
As estacas recebem esforços axiais de compressão. Esses esforços são resistidos pela reação exercida pelo terreno sobre sua ponta e pelo atrito entre as paredes laterais da estaca e o terreno. Nas estacas prancha além dos esforços axiais temos o empuxo lateral (esforços horizontais), Figura 3.17.
Figura 3.17 - Esforços nas estacas
3.4.2 Blocos de coroamento das estacas
Os blocos de coroamento das estacas são elementos maciços de concreto armado que solidarizam as "cabeças" de uma ou um grupo de estacas, distribuindo para ela as cargas dos pilares e dos baldrames (Figura 3.18; 3.19).
As estacas devem ser preparadas previamente, através de limpeza e remoção do concreto de má qualidade que, normalmente, se encontra acima da cota de arrasamento das estacas moldadas "in loco".
Os blocos de coroamento têm também a função de absorver os momentos produzidos por forças horizontais, excentricidade e outras solicitações (Caputo. H.P., 1973).
Figura 3.18 - Bloco de coroamento
UMA ESTACADUAS ESTACASTRÊS ESTACASQUATRO ESTACAS | |
Figura 3.19 - Configuração em planta dos blocos sobre estacas
Ø= diâmetro da estaca
Nenhum comentário:
Postar um comentário