Planejamento
Escoramentos metálicos
Quantidade de peças varia conforme as características da estrutura, do concreto e a velocidade de execução da obra. Confira os principais cuidados ao receber, armazenar, usar e reutilizar esses equipamentosReportagem: Juliana Martins
Edição 52 - Outubro/2012
Fotos: Marcelo Scandaroli
O escoramento residual, que permanece após a retirada das fôrmas, serve para dar suporte à laje enquanto o concreto atinge a resistência determinada em projeto
O escoramento metálico - seja o que compõe torres de encaixe ou as escoras pontuais - é composto por tubos e peças de aço galvanizado ou alumínio, cujos diâmetros e espessuras das paredes determinam a capacidade de carga.
O escoramento das peças estruturais, como lajes e vigas de concreto, depende das suas dimensões. O projetista dimensiona a quantidade de apoios necessários ao escoramento e ao escoramento remanescente a partir da carga a ser aplicada - contemplando o peso de lajes e vigas, bem como as cargas acidentais, e as alturas a serem vencidas.
Ele também prevê sobrecargas em função dos equipamentos e pessoal necessários durante a concretagem. "Portanto não existe receita pronta para a quantidade de escoras necessárias para o cimbramento", explica o projetista de fôrmas da Hold - Pemarc, Nilton Nazar. Isso porque há variáveis referentes a cargas, sobrecargas e coeficientes de segurança, por exemplo.
Fotos: Marcelo Scandaroli
Um dos pontos críticos do escoramento é a fixação à base de apoio, que deve ser definida antes dos equipamentos chegarem ao canteiro
O desempenho está ligado às informações, cronogramas, detalhes e velocidade de concretagem, ciclo entre trechos, sistema de fôrmas utilizado, condições do piso de apoio, resistência do solo. Também é importante observar as recomendações do fabricante sobre espaçamento máximo entre os pontos de apoio.
"De maneira simplista podemos dizer que os espaçamentos tanto nas vigas como nas lajes não deveriam ser maiores do que 1,50 m; e nas lajes em geral deveria haver uma tira a, pelo menos, cada 1,22 m, que é a largura de uma chapa de compensado", explica Nazar. A quantidade depende do prazo de execução da estrutura, da resistência do concreto na desenforma e do tipo de estrutura. São tantas variáveis que a planta de reescoramento deve ser sempre submetida ao projetista estrutural.
O acompanhamento do resultado dos corpos de prova tem papel importante para que as escoras possam ser retiradas. Eles indicam quando a resistência mínima foi atingida.
Recebimento
A chegada do material deve ser acompanhada para que seja conferido o estado de conservação das escoras e a situação das soldas. É importante verificar se o tubo das escoras, os quadros metálicos, seus encaixes e principalmente as roscas existentes nas escoras telescópicas, sapatas e forcados ajustáveis não foram amassados no transporte. E, finalmente, verificar a quantidade. Após isso, ele precisa ser armazenado em locais adequados. Como as peças de escoramento possuem alto valor no mercado de reciclagem, mantenha vigilância constante.
O escoramento é definido pelo projetista de estruturas com base nas cargas atuantes no pavimento durante e após a concretagem. O escoramento residual depende, também, do ciclo de concretagem, pois a laje deve permanecer apoiada até que o concreto ganhe a resistência necessária
Estratégia de escoramento
Quando a estrutura é semelhante em todos os pavimentos, pode-se trabalhar sempre com o mesmo equipamento. No entanto, se existir mais de um sistema construtivo, devem ser especificadas linhas de escoramento para cada laje. Em situações assim, os projetos consideram quais materiais há na obra e o que precisaria ser providenciado conforme avançam os trabalhos.
Quando o mesmo sistema de escoramento é repetido em todos os pavimentos, é feito uma espécie de rodízio. Ou seja, as escoras dos pavimentos inferiores são levadas aos superiores. Se a obra possui, por exemplo, um jogo de escoramento e três de "reescoramento" ou de escoras remanescentes, as escoras do pavimento mais inferior são passadas ao pavimento mais alto que será reescorado, explica Nazar.
"Os projetos e a relação de equipamentos de cada trecho ou andar permitem planejar o rodízio", garante Alexandre Pandolfo, gerente comercial regional da Mills Estruturas e Serviços de Engenharia S.A. Ele complementa: "como os equipamentos metálicos dispõem de ajustes - sejam em hastes, fusos ou roscas de escoras, o aproveitamento das peças é bem elevado".
Planejamento de uso
A base de apoio é a principal interferência para escoramentos. Quando o terreno é irregular ou inclinado, o projeto precisa ser elaborado pensando em como solucionar o problema.
Também é importante analisar continuamente onde cada material está sendo usado tanto para evitar que algum esteja sem uso quanto para impedir que, no momento em que deveria ser empregado, perceba-se que ele não está na obra. "O projeto de reescoramento deve ser seguido de maneira bastante criteriosa, com relação à quantidade e à localização das escoras. O controle deve ser feito com fichas de qualidade assinadas pelos encarregados, mestres e engenheiros", explica Nazar.
Quanto mais curto o ciclo de execução dos pavimentos, mais escoras são necessárias. "Para executar um pavimento-tipo a cada sete dias são necessárias mais escoras remanescentes do que se o prazo for de 15 dias", exemplifica Nazar. Outra situação que exige mais escoras é quando a estrutura possui peças estruturais mais pesadas. De acordo com Pandolfo, em estruturas verticais é frequente o uso de, pelo menos, três jogos de escoramento residual. Mas obras mais rápidas podem demandar cinco ou seis jogos nos pavimentos-tipo.
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