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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

DESAFIO PARA AS GRANDES CIDADES

O desafio das grandes cidades

Maurício Bernardes
Recente estudo sobre urbanização realizado pela ONU indica que atualmente há mais pessoas morando nas cidades do que em áreas rurais. Enquanto em 1950 apenas 30% da população mundial residia nas cidades, estima-se que em 2050 este número suba para 66%, um crescimento de mais de 120% em relação à proporção atual. Nos países mais industrializados a urbanização é ainda mais intensa, chegando atualmente à marca impressionante de 80% da população vivendo em áreas urbanas. Isto traz enormes desafios para as cidades que devem oferecer adequadas condições de vida e saúde para esta população crescente, com grande pressão sobre a demanda por recursos, especialmente, alimentos, água e energia.

Projeção da distribuição da população no mundo - urbana e rural. Fonte: World Urbanization Prospects – 2014 – ONU

Projeção da distribuição da população na América Latina e Caribe – Urbana e Rural. Fonte: World Urbanization Prospects – 2014 – ONU
Como exemplo de enfrentamento dos desafios que se colocam, algumas cidades têm adotado políticas públicas com o objetivo de tornar as cidades mais sustentáveis e com melhores condições de vida para a população. Ao assumirem o compromisso de serem mais eficientes no consumo de recursos naturais, estabelecendo também metas de redução da pegada de carbono, estas cidades, chamadas de “Ecodistricts”, têm ajudado a construir um novo paradigma social: Uso de tecnologias associado à alteração dos hábitos das pessoas, em prol de um futuro mais equilibrado para o Planeta.
Nesta semana ilustra-se com o exemplo da cidade de Chicago, que com cerca de 2,7 milhões de habitantes, em 2008 tomou a decisão de melhorar as condições de vida da sua população e de reduzir os impactos da sociedade no Planeta.

Eles estão perseguindo a audaciosa meta de reduzir as emissões dos gases do efeito estufa, até 2020, em 25% em relação às emissões de 1990, com metas para os anos seguintes igualmente desafiadoras. Para se ter uma ideia, até 2050 eles pretendem emitir o equivalente a 20% do que emitiam em 1990. Para isto, elaboraram um plano baseado em cinco estratégias:
• Construções sustentáveis
• Uso de energia limpa e renovável
• Melhoria das opções de transporte
• Redução do desperdício e da geração de poluição industrial
• Adaptação da cidade (a exemplo do que foi discutido no primeiro “post” deste blog)
Em relação às construções sustentáveis o programa é dividido em:
1. Reabilitação de 50% dos edifícios comerciais e residenciais, e a reabilitação de 50% das indústrias a fim de reduzir em 30% os gastos com energia;
2. Programa de incentivo à substituição de lâmpadas por exemplares mais eficientes;
3. Incentivo ao uso racional de água nos programas de reabilitação de edifícios;
4. Implementação de códigos e leis mais exigentes em relação ao uso racional de energia;
5. Estabelecimento de metas para o uso racional de água e energia para toda e qualquer nova reabilitação de edifícios;
6. Programa de incentivo ao uso de “telhados verdes” com a meta de 6 mil coberturas de edificações na cidade, além do plantio de 1 milhão de árvores;

Como exemplo da pré-disposição em alcançar este objetivo, um dos projetos que está sendo cogitado é a reabilitação da fachada do maior edifício da cidade com 442 m de altura (que um dia já foi o maior edifício das Américas), o Chicago Willis Tower, com a intenção de reduzir o consumo de ar condicionado no inverno. Para isto, pretende-se substituir os atuais vidros duplos insulados (com uma câmara de ar), por vidros insulados triplos (duas câmaras de ar).

Em relação ao uso de energia limpa e renovável, a cidade está tornando sua principal usina de geração de energia elétrica mais eficiente, além de estar incentivando a geração de energia distribuída (autogeração), por meio de turbinas eólicas compactas, geotermia e sistemas de geração de energia fotovoltaica.

Em relação às condições de transporte, além da melhoria dos sistemas coletivos, há uma clara orientação da cidade no sentido de torná-la mais acessível utilizando bicicletas ou simplesmente caminhando-se. A cidade ainda tem incentivado o compartilhamento de veículos (Car Share).


Principais resultados alcançados nos primeiros anos do plano Chicago Climate Action Plan:
• 13.341 unidades habitacionais reabilitadas para terem maior eficiência energética, por exemplo, por meio da instalação de lâmpadas fluorescentes ;
• 393 unidades comerciais ou industriais reabilitadas para terem maior eficiência energética;
• 132 mil m³ de água economizada por dia;
• 167 mil m² de coberturas verdes instaladas ou em construção;
• 83% dos resíduos de construção e demolição reciclados;

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