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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Como validar o planejamento de uma obra

Como validar o planejamento de uma obra

Aldo Dórea Mattos



 
Um dos trabalhos que me agrada realizar e que traz notórios benefícios aos incorporadores, investidores e construtores que atendo é fazer a validação do planejamento da obra. O processo de validação consiste em aferir o grau de exequibilidade das peças que compõem aquilo que cada empresa entende por planejamento, a coerência dos métodos executivos adotados e a estrutura de montagem do cronograma de barras.
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Inicialmente devemos ter em mente que planejar não significa prever com absoluta precisão a duração de todos os serviços da obra. Planejar significa antever cenários de acordo com premissas de cálculo. Quando mais firmes forem essas premissas, maior a chance de o planejamento da obra dar certo. O planejamento é, portanto uma aposta, que será tão mais feliz quanto melhores os dados de entrada.
Além da previsão, o planejamento tem uma segunda face: o acompanhamento. Acompanhar ou atualizar o planejamento significa basicamente conferir a aderência da evolução da obra àquilo que havia sido planejado. Se houver discrepâncias entre o previsto e o realizado, entra em cena o replanejamento, que envolve aumento de equipes, mobilização de equipamentos, mudança de frentes de serviço e até o cálculo de quanto custará acelerar uma obra atrasada. 
Validação 
A validação de um planejamento é o processo através do qual proprietário e construtor ― ou somente um deles ― recorrem à experiência de um terceiro, a fim de tornar válido e eficiente o cronograma de um determinado projeto, em todas suas características e componentes.
A validação é uma avaliação externa, feita por um perito em planejamento e construção, para garantir que um instrumento técnico (e contratual) — o cronograma — esteja correto em termos de escopo e de pressupostos, bem como livre de armadilhas. O cronograma validado deve representar o modelo de como a construtora pretende conduzir as atividades do plano de trabalho e de como o proprietário terá o trabalho entregue.
Não é raro encontrar investidores recorrendo a uma segunda e até mesmo a uma terceira avaliação, seja porque têm sistemas de governança que pedem essa prática, seja porque querem ter um nível de confiabilidade nos resultados e no retorno sobre o investimento. O processo de validação típico, contudo, não é uma prática comum na área da construção, mas contratantes e contratadas podem usufruir de benefícios sólidos ao adotar os procedimentos de validação e auditorias periódicas.
A validação ocorre quando o plano de trabalho original e, por extensão, o cronograma do projeto desenvolvido pelo construtor e por seus subempreiteiros e fornecedores, é submetido ao proprietário e então avaliado por um especialista externo (ou time de especialistas), sendo finalmente aprovado como válido, sensato, racional e exequível. No caso mais simples, é tão somente o construtor que ser se certificar da coerência do planejamento que está seguindo (se é que está seguindo algum...).
A validação compreende duas etapas: validar o plano e validar o cronograma. A primeira parte representa como o construtor pretende executar os serviços, tendo a ver com a sequência das atividades, os equipamentos utilizados, as produtividades estimadas e o ciclo hidrológico ou regime de chuvas. Já a segunda parte representa como o planejamento foi “traduzido” para o cronograma, tendo a ver com a ligação entre as atividades, o caminho crítico, as folgas e o calendário. Usando termos em inglês, a primeira parte corresponde ao planning e a segunda, ao scheduling.
Validação do plano
O passo inicial na validação do plano de trabalho é entender como o construtor divide a obra: fases, quadras, blocos, trechos, tramos etc. Aqui o importante é captar a intenção do plano de ataque e verificar se essa estratégia executiva está compatível com a desapropriação de áreas, a liberação de frentes de serviço, as licenças requeridas, a existência de projeto detalhado e interferência com outras empresas trabalhando no mesmo local.
A validação do plano envolve entrevistas com o pessoal da área técnica e da produção. É uma validação de cunho mais estratégico do que propriamente operacional. Procura-se ver o todo.
Ainda nessa primeira etapa o construtor precisa dar mostras de que domina o método executivo em todo o seu ciclo, no caso de serviços que estão na iminência de começar: acesso, transporte de material, equipamentos empregados, equipe necessária, disponibilidade de jazidas e bota-foras, impactos na vizinhança e aspectos de segurança.
Validação do cronograma
Nessa primeira etapa, o cronograma proposto é dissecado para revelar os parâmetros empregados. Alguns dos aspectos conferidos ― e em seguida aceitos ou rejeitados ― são mostrados no quadro abaixo:
QUANDO FAZER A VALIDAÇÃO
Tipicamente, a validação deve ocorrer várias vezes durante a fase de execução do ciclo de vida do projeto. Mostramos abaixo uma ideia para obras de edificação.

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